quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Já que estámos numa de morte... :D

Ontem postei aqui a história do Encontro em Samarra. Visto que a forma como diferentes culturas interpretam a morte foi uma coisa que sempre me fascinou, há coisa de dois anos escrevi um apanhado muito breve sobre o assunto. Ora vejam:



A Morte como entidade, é um conceito que está presente em várias sociedades ao longo da História. A Morte também é conhecida por Ceifador e, desde o século XV, é representada com a figura de um esqueleto que carrega uma lâmina grande e está vestido com um manto preto com capucho.

Em alguns casos, a Morte é capaz de matar a vítima, o que levou à existência de lendas de que esta pode ser enganada. Outras crenças dizem que é apenas um espectro que representa a ligação entre a alma e o corpo e que guia os falecidos até ao próximo mundo, não tendo qualquer controlo sobre a sua morte.

Em muitas línguas a Morte é personificada com forma masculina, enquanto noutras tem uma forma feminina.

Mitologia Indo-Europeia

Helénica

Na Grécia Antiga a morte era considerada inevitável, por isso a figura da Morte não é representada de forma puramente má. É representada como um homem barbudo com asas, mas também como um rapaz pequeno. A Morte, ou Tânatos, é a parceira da via, sendo a morte representada por um homem e a vida por uma mulher. É o irmão gémeo de Hipnos, o deus do sono. É tipicamente apresentado com o seu irmão e é representado como gentil e justo. A sua função é escortar os mortos até a Hades, deus do submundo. Depois, entrega os mortos a Carote (que, de acordo com alguns, é batante parecido com a interpretação ocidental moderna da Morte, uma vez que tem a forma de esqueleto e um roupão preto), que chefia os barcos que os levam pelo Rio Estige. O Rio separa a terra dos mortos da tera dos vivos. Acreditava-se que, se não se pagasse ao barqueiro, a alma não era levada para o submundo e era deixada na margem do rio para toda a eternidade. Ar irmãs de Tânatos, as Keres eram os espíritos das mortes violentas. Eram associadas ás mortes nas batalhas, por doença, acidente e assassinio. Eram retratadas como más, alimentando-se frequentemente do sangue do corpo depois de a alma ter sido levada para os Hades. Elas tinham presas e garras e vestiam-se com roupas feitas de sangue.


Rio Estije


Germânica


Na tradição germânica, a Morte era um dos disfarces do deus viking Odin. Em inglês, o Grim de Grim Reaper, deriva de Grimnir, um dos nomes de Odin.

Celta

Para os Galeses, a Morte é Angeu e para os Bretões é Ankou. É visto por muitos como um homem com um roupão de capucho (invariavelmente preto) por vezes carrega uma foice.

Eslava

As velhas tribos eslavas viam a morte como uma mulher vestida com roupas brancas, com um broto verde na mão. Quem tocasse no broto cairia num sono eterno.

Esta imagem sobreviveu até à Idade Média, sendo apenas substituída pela imagem tradicional da Europa Ocidental de um esqueleto andante no século XV.

Báltica

Os lituanos chamavam Giltiné à Morte, palavra que deriva de "gelti" (que pica). Giltiné era representada como uma mulher velha e feia com um nariz azul grande e uma língua de veneno letal. A lenda diz que Gilinté era jovem, bonita e faladora até ser fechada num caixão durante 7 anos. A deusa da morte era irmã da deusa da vida e do destino, Laima, simbolizando a relação entre o principio e o fim.

Mais tarde, os Lituanos adoptaram a imagem clássica da Morte.


Deus Odin

Mitologia Hindu

Nas escrituras hindus, o senhor da guerra chama-se Yama, ou Yamaraj (que significa, literalmente, "o senhor da morte). Yamaraj monta um búfalo preto e carrega uma corda atada num laço para carregar a alma de volta para o seu local de residência, chamado Loka. Há várias formas de Morte, embora alguns digam que apenas uma se disfarça de criança. São os seus agentes, os Yamaduts, que levam as almas de volta para o Loka. É aí que estão guardados todos os relatórios das boas e das mãs acções das pessoas, que são armazenados e mantidos por Chitragrupta, o que permite Yamaraj decidir onde as almas vão residir na próxima vida, seguindo a teoria da reencarnação. O Yamaraj também é mencinado na Mahabharata como um grande folósofo e devoto de Brâman.

Yamaraj também é conhecido como Dharmaraj ou Rei da Darma ou justiça. Uma das razões para tal é que a justiça é servida da mesma forma para todos, estejam vivos ou mortos, com base no seu Karma ou destino. Isto é mais sublinhado pelo facto de Yudhishtra, o mais velho dos Pandavas e ser considerado a personificação da justiça, nasceu das preçes de Kunti a Yamaraj.


Yamaraj

Judaísmo

De acordo com a Midrash, o anjo da morte foi criado por Deus no primeiro dia. A sua morada é no Céu, a prtir do qual necessita de oito vôos para atingir a Terra, enquanto que a pestilencia necessita apenas de um.  Diz-se que o anjo da morte tem 12 asas e está coberto de olhos. Na hora da morte, ele permanece na cabeça daquele que está a falecer com uma espada traçada na qual pendura uma gota de galha. Assim que quem está a falecer vê o anjo, é-lhe dada uma convulsão e abre a boca, para onde o anjo derrama a gota. Esta gota provoca a sua morte; ele começa a apodrecer e sua cara torna-se amarela.

A alma escapa através da boca, ou, de acordo com algumas fontes, através da garganta, por isso é que o Anjo fica na cabeça do moribundo. Quando a alma abandona o corpo, a sua voz é projectada por todo o mundo, mas não é ouvida. A espada traçada do anjo da morte, indica que este era visto como um guerreiro que mata os filhos dos homens. " O Homem, no dia da sua morte, cai perante o anjo da morte como um animal perante o chacinador" (Grünhut, "Liḳḳuṭim", v. 102a). Em algumas representações posteriores, a espada é substituida por uma faca e também é referido um cordão, o que indica a morte por asfixiação. Moisés diz a Deus: "Temo o cordão do anjo da morte". Dos quatro métodos de execuçã judeus, 3 recebem o seu nome a partir do anjo da morte. Também é este anjo que executa os castigos que Deus ordenou pelos pecados.

O anjo da morte assuma a forma que melhor serve o seu propósito. Pode aparecer como um pedinte a implorar perdão, ou um estudioso. "Quando a pestilência se impõe na cidade, não andes pelo meio da rua, porque o anjo da morte caminha por lá; se a paz reinar na cidade, não andes pelos lados da rua. Quando a pestilência entra na cidade, não vás sozinho à Sinagoga, porque é lá que o anjo da morte guarda as suas ferramentas. Se os cães ladrarem, o anjo da morte entrou na cidade; se correrem, o profecta Elias chegou". Nas orações diárias, o "destruídor" é o anjo da morte. Midr. Ma'ase Torah diz: "Há seis anjos da morte: Gabriel, o dos Reis; Kapziel, o da juventude; Mashbir o dos animais; Mashhit, o das crianças; Af e Hermah, o dos homens e das bestas.

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